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Arquitetos: Eraclis Papachristou Architects
- Área: 470 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Hufton+Crow, ©Creative Photo Room
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Fabricantes: Dornbracht, BLUM System , Finn Juhl, Focus, Fritz Hansen, Keller, Oikos Venezia, Poltrona Frau, Rimadesio, Saint-Gobain
Descrição enviada pela equipe de projeto. A descrição de uma residência, de um lar, pode ser fácil de colocar em palavras, mas impossível de sintetizar a obra construída. Os ingredientes são padronizados, e as variações sobre o tema são infinitas. É uma caixa, uma série de volumes sob uma cobertura, uma máquina para viver, um lugar para alma. É o ninho e as conchas de Bachelard. Ainda é a habitação primitiva, sendo cada vez mais irrelevante.
Vivemos em uma época que está voltando sua atenção para as paisagens vazias de um mundo virtual. Dentro disso, as afirmações que o ambiente construído proporciona são cada vez mais inferiores em impacto. Não se projeta uma residência para fazer uma declaração, mas, inadvertidamente, ela acaba dizendo muito. Um exemplo é a residência da família de Eraclis Papachristou, em uma daquelas situações em que o arquiteto é também o cliente. Durante a abordagem, não se pode ler a função por trás da forma pura. A escala do objeto, a altura e a confiança com que ele é descrito não fazem referência à situação doméstica habitual. Não há aqui nenhuma referência vernacular ao conforto. O design evoluiu.
Inserida nos campos de trigo, o volume longitudinal de concreto aparente atua como uma dobradiça entre o céu e o solo. É um projeto que se eleva acima da paisagem. A entrada, um vazio singularmente impressionante que atravessa metade do comprimento, atua como uma ponte cerimonial para o mundo interior. Ela cria distância do ambiente no exato momento em que celebra a viagem para um mundo contido e habilmente descrito.
As aberturas na superfície são poucas e protegidas. Na fachada noroeste, elas são recortadas da superfície de concreto, como escudos protetores e direcionais para as aberturas. Mesmo o trecho de vidro ininterrupto que percorre toda a fachada nordeste é cuidadosamente protegido por telas de latão perfurado. Se for uma caixa, está fechada.
O jogo de luzes é aprimorado. As sombras já foram nítidas e depois se desfizeram, como uma dança formal do inesperado. E é aqui que, de tantas maneiras, o projeto se torna intrigante. Os grandes volumes que formam os espaços internos são descritos através da arte e da escultura. Inicia-se a conversa entre a habitação e a galeria de exposições. Uma versão contemporânea do Kettle's Yard, talvez.
O pé direito dos ambientes é simplesmente imenso, uma referência aos casarões que uma vez definiram a riqueza da ilha. A linguagem elevada do piano nobile é mais um aceno ao vernáculo. Mas as superfícies de concreto e mármore e as linhas simples e longas garantem que o resultado seja solidamente contemporâneo. É uma versão do minimalismo que permite que a expressão e a arte invadam e informem suas paredes transparentes. É uma afirmação, um arquiteto flexionando músculos cuidadosamente controlados. É uma declaração que permite declarações dentro dela.